quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Aikido de alto nível no Brasil

O texto abaixo foi publicado originalmente no blog Estaca Zero de Leonardo Burlamaqui. Achei interessante e o republico aqui.

Para quem não sabe – e acredito que sejam muitos – no Aikido tradicional, todo e qualquer ‘dan’ acima do 4º grau é concedido pelo Hombu Dojo (Aikikai, em Tokyo) por questões única e exclusivamente políticas. Ou seja, não há avaliação técnica. Normalmente, leva-se em consideração a importância do mestre dentro da comunidade aikidoística, sua influência e contribuições na difusão e evolução da arte, quantidade (e qualidade) de alunos, instrutores e mestres formados por ele. Enfim, são muitas variáveis, mas no final das contas o que importa é sua proximidade com o Hombu Dojo e, claro, com o próprio Doshu, atualmente neto do fundador.

Pode não parecer, mas o Brasil conta com alguns mestres de relevância dentro do cenário mundial do Aikido. Dentre eles, destaco os senseis Ichitami Shikanai e Makoto Nishida, ambos 7º dan e, como não poderia deixar de ser, japoneses. Não quero criar polêmica pelo que aqui exponho, mas é conhecido o fato de que o Hombu Dojo dá maior atenção e incentivos ao crescimento técnico e político de seus conterrâneos. Hoje, penso que essa abordagem não é apenas uma tradição – que alguns consideram injusta ou preconceituosa – mas uma estratégia (que a Aikikai julga) vital à manutenção de certos valores presentes na filosofia do Aikido e na própria história, cultura e identidade do Japão.

Àqueles que conhecem sensei Shikanai, é incontestável sua qualidade técnica, seu envolvimento não somente com o Aikido, mas com as artes marciais de modo geral, bem como sua importância como mestre-modelo no Brasil. Por isso, nada mais merecido que ser reconhecido pela Aikikai como 7º dan.

Quanto a sensei Nishida, o seu grande mérito está na articulação política dentro da Aikikai, difundindo a arte – hoje, ele conta com milhares de alunos diretos e indiretos – e representando o Brasil de forma serena, humilde e transparente. Daí a sua promoção para 7º dan, ocorrida em 10 de janeiro de 2010, durante a cerimônia do Kagamibiraki, no próprio Hombu Dojo.

Na minha franca opinião, os mestres Shikanai e Nishida se traduzem numa das melhores coisas que o Aikido tem a oferecer: bons exemplos. Ambos são pessoas especiais, de muito bom coração, dedicadas à disseminação dos valores éticos e morais do Aikido, sendo um referencial no caminho que todo ser humano deve (ou deveria) trilhar, em busca da harmonia, com humildade, paciência, generosidade e perseverança. Sob essa ótica, nós, brasileiros, temos sorte de contar com mestres de tamanho gabarito. Cabe a nós sabermos aproveitar cada oportunidade que se apresenta e, a partir do contato com a ‘prata da casa’, tirarmos nossas lições pessoais.

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