quarta-feira, 21 de junho de 2017

Por que treinar aikidô?

Me recordo do dia que comecei, não da data exata(foi em outubro de 1992), mas dos acontecimentos. Tinha 22 anos de idade. A matrícula fiz na hora do almoço(trabalhava ali perto) para a noite já começar, de quimono e tudo.

Para fazer a inscrição era necessário responder uma pergunta: qual o motivo da sua vontade em treinar aikidô?. Não preenchi. E não o fiz por que não sabia a resposta. Nem mesmo os filmes de Seagal da época eram motivo, como tantos informaram. Até mesmo por que nunca havia associado Seagal ao aikidô. Aliás, não sabia absolutamente nada do que era o aikidô. Portanto, se você está lendo esse texto procurando uma resposta objetiva para que você comece a treinar, leia até o final, é curtinho.

Cumprimentei o professor e me apresentei antes da aula. Os alunos mais antigos me orientaram nos passos iniciais de entrada no tatame. Perdido, tentei seguir a aula. Irimi nage e shiho nage. A dica de um senpai sobre o fato do nage sempre ter que estar confortável e o uke na situação oposta. Dica  que guardo e tento praticar até hoje. Foi interesse instantâneo. O desequilíbrio sem usar força bruta, a movimentação, o uso do corpo, tudo me interessou profundamente. A falta de competições e o fato de treinar para mim, sem precisar provar nada a ninguém foram a "cereja do bolo".

Os dias de treinos se passavam, se transformaram em meses e alguns anos. Até que durante um treino meu braço foi quebrado. Falta de perícia minha e também do nage. Tudo indicaria que ali acabaria o amor com a arte. Puro engano! Gesso, fisioterapia e logo em seguida a volta aos tatames, de forma definitiva. Surpresa para muitos, talvez alguns até quisessem que ali tivesse sido meu fim. Não foi. Tiveram que me engolir. E não foi por que uma arte marcial também serve para isso. Superar seus limites e obstáculos. Devidamente superados.

Alguns anos depois disso meu professor resolve parar de dar aula. Assumiu em seu lugar um aluno faixa marrom(1º kyu). Ficamos no dojo basicamente apenas eu e ele. Todos os outros alunos migraram para outro dojo, aonde o professor, também 1º kyu, atraía mais a atenção. Dessa vez, nova e maior superação, a falta de uma orientação sólida. Aí aprendi que o aikidô se faz também fora do tatame. E foi nesse instante que percebi que realmente não havia mais saída para mim, a arte fazia parte da minha vida.

Mudei de grupo, de professor, de cidade, de forma de treinar. Evoluí, aprendi. Cheguei à faixa preta(16 anos para isso) com um aikidô sólido. Mais 5 anos e atingi o segundo dan. Um total de 21 anos até então. Muitos nesse período já haviam chegado ao quarto ou quinto dan(nem tão habilidosos), outros pararam(muitos muito habilidosos). Nesse período tive a oportunidade de fundar o grupo Aikidô Piauí(2013), de participar de diversos seminários, inclusive do doshu Moriteru Ueshiba, e de treinar fora do Brasil. E ano que vem(2018), se tudo der certo, a visita ao Japão.

Sou aluno e professor, uma experiência completa, que melhora meu aikidô a cada dia. Que me faz ter certeza do caminho certo que tomei. Hoje, 25 anos depois(2017), me orgulho de cada passo que dei dentro da arte.

Mas, enfim, por que treinar aikidô? Para mim porquê me permitiu viver isso tudo, me permitiu ser uma pessoa do mundo, me permitiu conhecer como as outras pessoas são, me deu mais disposição para enfrentar as dificuldades, me deu mais confiança diante dos desafios, me deu o que sou hoje, uma pessoa bem melhor que há 25 anos atrás.

Não foi o bastante para você? Tudo bem! Tenho certeza que você ainda encontrará o seu "aikidô".

De toda forma acho que não custa nada tentar. Venha nos fazer uma visita, uma aula experimental. Aguardamos você. Um abraço!

terça-feira, 6 de junho de 2017

Qual o tamanho do aikidô no Brasil?

Sabemos que o aikidô se tornou uma das artes marciais mais populares do mundo. Na França é praticado por mais de 2 mil pessoas. Mas, e no Brasil? Como é o cenário do aikidô em nossa terra? Sempre tive curiosidade em saber isso e fiz um grande levantamento sobre o assunto.

Antes de tudo é importante informar que não utilizei qualquer metodologia científica para elaborar este estudo. Não trata-se de um trabalho acadêmico, mas tão somente uma curiosidade. Todos os dados foram retirados dos grupos que possuem sites na internet, e por isso não necessariamente refletem a completa realidade, uma vez que frequentemente estão desatualizados ou não refletem a total realidade dos dojos a eles filiados. Além disso há grupos que simplesmente não possuem qualquer referência pública.

O levantamento tratou de mapear exclusivamente dojos filiados à Aikikai. Num futuro pretendo colocar as outras entidades de aikido presentes no Brasil.

Todo o levantamento foi resumido numa planilha que pode ser acessada  clicando aqui. Os dados são de uso livre, solicito apenas que a fonte seja citada e me seja informado o uso deles.

Estes dados refletem até o dia 6/6/2017 e naturalmente ao longo do tempo já não serão tão fiéis à realidade. Uma revisão poderá ser feita ano que vem.

Algumas conclusões que tirei:

- Há hoje 14 entidades ligadas à Aikikai em atividade no país. Estas entidades podem ser nacionais ou internacionais ou apenas a representação(formal ou não) de algum shihan internacional. As entidades são:

  . Associação de Aikido do Norte da Carolina(EUA) - Robert Nadeau shihan
  . Associação Pesquisa de Aikido(Brasil) - Keizen Ono shihan
  . Brazil Aikikai(Brasil) - Wagner Bull shihan
  . Círculo de Aikido(Brasil) - Luis Gentil sensei
  . Federação Brasileira de Aikido(Brasil) - Severino Sales sensei
  . Federação Mineira de Aikido(Brasil) - Claude Walla sensei
  . Federação Paulista de Aikido(Brasil) - Makoto Nishida shihan
  . Instituto Maruyama de Aikido(Brasil) - Robert Maruyama sensei
  . Kohirajuku Kanie Dojo(Japão) - Yoshikazu Yamada sensei
  . Makoto Aikido Kyokai(EUA) - Larry Reinossa sensei
  . Sansuikai International(EUA) - Yoshimitsu Yamada shihan
  . Shikanai shihan(dojos ligados à Ichitami Shikanai shihan)(Brasil) - Ichitami Shikanai shihan
  . Tissier shihan(dojos ligados à Christian Tissier shihan)(França) - Christian Tissier shihan

- Há um total de pelo menos 358 dojos de aikido espalhados pelo Brasil
- Apenas Acre e Tocantins não contam com o aikidô
- O ranking das entidades considerando todo o país em quantidade de representantes ficou assim:

   1º) União Sul-americana de Aikido com 74 dojos
   2º) Brazil Aikikai com 73 dojos
   3º) Sansuikai International com 64 dojos
   4º) Federação Paulista de Aikido com 38 dojos
   5º) Associação Pesquisa de Aikido e Shikanai shihan com 29 dojos cada
   6º) Instituto Maruyama de Aikido com 18 dojos
   7º) Federação Brasileira de Aikido com 17 dojos
   8º) Federação Mineira de Aikido com 12 dojos
   9º) Círculo de Aikido com 7 dojos
 10º) Kohirajuku Kanie Dojo com 6 dojos
 11º) Tissier shihan com 3 dojos
 12º)  Makoto Aikido Kyokai com 2 dojos
 13º) Associação de Aikido do Norte da California

- O ranking de dojos espalhados por regiões  do Brasil ficou assim:

   1º) Sudeste com 231 dojos
   2º) Nordeste com 61 dojos
   3º) Sul com 53 dojos
   4º) Centro-oeste com 20 dojos
   5º) Norte com 8 dojos

- O ranking por estados ficou asim:

  1º) São Paulo com 122 dojos
  2º) Rio de Janeiro com 57 dojos
  3º) Minas Gerais com 38 dojos
  4º) Bahia com 25 dojos
  5º) Santa Catarina com 23 dojos
  6º) Paraná com 17 dojos
  7º) Espírito Santo com 14 dojos
  8º) Rio Grande do Sul com 13 dojos
  9º) Distrito federal com 12 dojos
10º) Pernambuco com 9 dojos
11º) Sergipe com 8 dojos
12º) Ceará com 7 dojos
13º) Goiás e Rio Grande do Norte com 5 dojos cada
14º) Alagoas e Pará com 3 dojos cada
15º) Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rondônia com 2 dojos cada
16º) Amapá, Amazonas. Mato Grosso, Paraíba, Piauí e Roraima com 1 dojo cada
17º) Acre e Tocantins sem nenhum dojo

Todos esse valores são extremamente dinâmicos e podem variar diariamente.

Bom, os dados aí estão. Divirta-se extraindo deles o que mais te interessar. Em breve serão convertidos em um software com banco de dados.

Todas estas informações e outras poderão ser acessadas em "Mapeamento do aikidô brasileiro" no nosso menu acima.

Abraços.