quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Desmistificando o aikido - parte 1

Por várias vezes encontrei a descrição do aikidô como a arte da harmonia com a natureza, de tornar-se uno com o universo. Vários são os defensores da teoria na qual o aikido não é somente o treino de técnicas no plano físico somente. A alegação é a de que é necessário entender a mensagem de O'Sensei para efetivamente estar praticando o aikido.

Quando iniciei na prática do aikido ingressei em um grupo onde o xintoismo deve ser levado em consideração sempre. No entanto meu primeiro professor não é(ou pelo menos não era) praticante da religião Omoto. Então como seria possível ele passar um ikyo dentro desse conceito?

Recentemente lí um texto traduzido aonde no final o responsável pela tradução alega que é fundamental o estudo do Xintoísmo pelos aikidoístas. Seguindo essa mesma linha então esse mesmo estudo também se faz fundamental para o judo, karate, o judaísmo é base do krav-magá, o candomblé(ou o que quer que seja) para a capoeria. Sem dúvida que O'Sensei era um devoto aficcionado pela sua religião e no aikido quis de alguma forma refletir o seu pensamento. Mas isso tudo faz sentido dentro da cultura japonesa. Eu não sou japonês.

Em um livro que também lí recentemente há um trecho onde o autor, um antigo uchi deshi de O'Sensei, pedia para que lhe mostrassem o “ki” ou pelo menos dissessem com o que ele se parece. Ninguém é capaz disso, o “ki” nada mais é que um conceito abstrato, vivo na cultura japonesa. Não sou capaz de distinguir uma técnica feita com “ki” de uma feita sem “ki”. Você é capaz? Jura? Nesse caso você provavelmente é o único. E mais, baseado em que você pode afirmar isso? Da mesma forma te pergunto, o que é se tornar uno com o universo? Como eu vou saber se consegui isso? A teoria é a de que nesse instante me tornaria invencível. Mas nem O'Sensei era invencível, se o fosse não teria sido derrotado quando de sua incursão em outro país junto com seu líder espiritual.

O aikidô não é religião. O'Sensei era religioso. Não confunda o criador com a criatura. O aikidô é uma manifestação puramente física. É uma arte marcial, uma forma de autodefesa. Fazer a ligação estreita das duas coisas seria a mesma coisa que dizer que a capoeira é a manifestação pura da religião dos negros escravos. Treinamos o aikido para no tornarmos pessoas melhores sim, tendo a consciência do mal que podemos causar a outros. Aí sim há uma forte relação com a religião, a preocupação com o próximo. Mas aí é uma aplicação prática, direta e objetiva, sem esoterismos.

Que tipo de efeito esse tipo de afirmação pode fazer sobre um iniciante? Será que já não é difícil o bastante tentar fazer as técnicas sem a preocupação de estar "ofendendo" o universo?

Nunca vi um sensei que tenha se harmonizado tanto com a natureza a ponto de se parecer com uma árvore. Até porque árvores não se movimentam e são facilmente derrubadas. É verdade que já vi vários senseis que se acham estrelas, alguns o próprio astro-rei e outros o próprio centro do universo. 

Taí, acho que tornar-se uno com o universo seja isso.

Isso sim é lutar de verdade

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Seagalogia

Recebí um email que encaminhava um link para uma matéria do Globo(Blog do Bonequinho). A matéria trata de um livro chamado "Seagalogy - A study of the ass-kicking films of Steven Seagal"(Seagalogia - Um estudo sobre os filmes arrebentadores de Steven Seagal). Foi escrito por um blogueiro com codinome Vern. Ainda não li e nem vi, apenas olhei a matéria.

Este é um tema interessante. Quantos aqui não começaram o aikido por causa dele e mais ainda acreditam ser o seu "estilo" o mais eficiente, o único verdadeiro aikido? Como disse num dos primeiros posts deste blog tive a oportunidade participar do seminário de Larry Reinossa. Não achei nada demais, nada mais eficiente do que costumo ver por aí. A imagem de Seagal no meio aikidoca se perpetua com a de alguém invencível ou de alguém medíocre. O cara está gordo, velho, etc, mas continua 7º dan e com certeza sabe sobre aikido.

Portanto, tentarei conseguir o livro por pura diversão. Quanto à séria Lawman, não tenho mito interesse em ver, mas se passar por estas bandas darei uma olhada.

Steven Seagal também é verbete